14/06/2009
National Geographic Atlas of The World - 7th edition
Sempre gostei de mapas, livros sobre viagens, sobre as culturas do mundo. Me lembro que um dia a escola pediu, entre os livros didáticos, um Atlas. Poucos, ou nenhum livro escolar me encantaram como este e, quando voltaram as aulas, eu já o havia folheado – e lido - inteirinho. Deitada no chão, me espalhava sobre as páginas, sobre o mundo: nos mapas políticos, os paisezinhos coloridos como num quebra-cabeças. Mapas físicos, fascinantes pois podia voar sobre as montanhas, mergulhar nos os rios e me perguntar que tipo de gente vivia nos litorais rendilhados, nos desertos imensos, no verde verde da floresta ou nas planícies furadinhas de lagos. Sem os óculos eu olhava de muito perto como se pudesse discernir, entre os pontinhos da retícula da impressão, uma outra dimensão além da nossa, onde uma menina miudíssima espiasse num mapa ainda mais pequeno, num sem fim de meninas e mapas, como o desenho na embalagem do fermento.
Um mapa com ícones pequeninos indicava os produtos de cada região: um peixinho, uma hastezinha de trigo, um boizinho, uma torrezinha de petróleo. E havia ainda toda aquela informação maravilhosa, bandeiras do mundo, climas, o sol, os planetas e a lua, que fazia tão pouco havia sido pisada pelos astronautas.
Hoje temos o Google Earth, que igualmente me fascina, realizando minha fantasia de menina, de me aproximar dos mapas num zoom e chegar até as casas, as praias, as ruas, até barcos no mar. E imaginar um futuro quando poderemos ver o movimento, as pessoas na ruas, leões nas savanas. Mas, para mim, um atlas de papel ainda é uma maravilha.
Comprar livros online foi uma das melhores coisas que a internet me trouxe. Especialmente livros importados, que costumavam ser caríssimos por aqui. Hoje, muitas vezes, mesmo contando com o preço da remessa, você paga o mesmo ou até menos do que o livro nacional. Sem falar nos até livros usados, às vezes mais baratos do que a própria postagem. E o prazer de esperar, semanas, e finalmente receber o pacote da livraria, com o cheiro característico das coisas que vêm de longe (o que será isso?) misturado com o dos livros, velhos ou novos. A alegria de um novo livro.
Esta é sétima edição do atlas da National Geographic, de 1999. Foi um dos primeiros livros que comprei online. Estava em oferta, talvez porque outra edição estivesse para sair; não sei dizer hoje quanto custou, mas era irrecusável. Demorou porque, como sempre, pedi a remessa mais barata. E quando chegou tive de buscá-lo na agência do correio, pois o carteiro não traz pacotes tão grandes. O que mais me lembro é caminhar pela rua com aquele pacote enorme, olhando para o sorriso estampado na embalagem da Amazon, e pensando em como é boa aquela idéia: minha cara de felicidade devia estar igualzinha.
Folheio novamente o Atlas para escrever este texto. É enorme, pesado, até um pouco desajeitado. Talvez esteja mesmo ficando obsoleto. Mas há uma aura mágica nas coisas obsoletas, como candelabros, vitrolas, câmeras que fotografam com filme. Revejo as lindas ilustrações baseadas em imagens de satélite e a Terra, vista de fora e por dentro, com seu coração incandescente. Confiro aquelas informações de que talvez nunca venhamos precisar, todas ali juntas: qual o lugar mais quente, a montanha mais alta, o mar mais profundo, quantos quilômetros há entre Moscou e Nova Déli? Você sabe como é bonita a bandeira de Palau?
Sim, todas essas respostas e outras tantas mais podem ser encontradas facilmente na internet. Talvez eu mesma esteja ficando obsoleta, não sei. Mas já ouvi dizer que nosso cérebro é analógico, não digital. Então, vou ficando com o meu atlas; seu peso, o cheiro e o som das páginas sendo viradas me levam a viajar por terras distantes.
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